21/02/2022 19h42
- Atualizado em 21/02/2022 19h42
Um garoto com cerca de 20 anos me disse estar decepcionado e sentindo-se abandonado pelos amigos.
Havia sido rude com os pais e rotineiramente os agredia verbalmente. Quase chegou à agressão física, pois embora de pouca idade, seu corpo já tinha a força de um adulto.
O que o irritava eram os conselhos e as proibições. Os pais não gostavam que ele ficasse na rua todas as madrugadas, rindo às gargalhadas com os amigos. Nunca trabalhou e as bebidas e um pouco de droga eram bancados com o dinheiro que a mãe lhe dava, com sermões chatos: “é difícil ganhar dinheiro! ”, “Não gaste à toa! ”. “Por que ela simplesmente não dava o dinheiro e pronto? ” Ele não pediu para nascer — dizia — e os pais tinham obrigação de sustentá-lo! Então, as discussões roubavam o lugar do diálogo. Ao sair, batia com força porta e portão em direção aos amigos da rua, que já estavam lhe esperando.
Ele percebeu, tardiamente, que cada um tem a sua própria vida e que, terminada a festa, todos terão que voltar para casa, ainda que não se sintam em paz ao lado dos familiares.
Esta conversa aconteceu quando ele estava preso por tráfico de drogas. Nenhum dos amigos jamais lhe visitara, nem lhe mandaram cartas, recados, nada, apenas seus pais.
Não me lembro o nome dele. Eles existem aos milhares e têm histórias de vida muito parecidas. Mas lembro bem do que ele me pediu: “Conte minha história para quem o senhor quiser. Diga aos jovens que seus amigos de verdade são o pai e a mãe e que se eu tivesse ouvido os meus, não estaria aqui e eles não precisariam se submeter a tudo isso por me amar”.
A vida lhe mostrou que a felicidade não está necessariamente na roda de amigos, nas mesas fartas de álcool, palavrões e gargalhadas, e que muitos, primeiro perdem, para depois amargar o arrependimento do que não pode ser recuperado.
Não convide seus amigos para sair. Chame-os para entrar. Se eles ou você tiverem vergonha do lar que lhe trouxe até este momento da vida, definitivamente vocês não servem para ser amigos.